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Fui a Salt Lake City visitar a maior biblioteca de genealogia do mundo

Todos os caminhos da minha pesquisa apontavam para Salt Lake City. A primeira vez que notei a importância da cidade para genealogia foi quando enviei a amostra de DNA dos meus avós de volta ao laboratório Ancestry. Depois, descobri que um dos sites que utilizo como fonte de documentos históricos, o FamilySearch, fica localizado no centro da cidade. Quando o resultado do teste voltou dizendo que meu avô Júlio (que pouco sabemos de sua origem) tem um primo muito próximo na mesma cidade, não pensei duas vezes. Com meu primo Gustavo, caí na estrada de Los Angeles a Utah.

A razão que Salt Lake City é a meca da genealogia é porque ela é, sem coincidência, o centro da religião mórmon. O mormonismo acredita que se todos nós traçarmos nossas árvores genealógicas, chegaremos a um ancestral comum, provando que somos parte de uma grande família. Missionários viajam o mundo fotografando documentos originais em paróquias e cartórios, incluindo, para minha sorte, pequenas igrejas de Araquari, Ribeirão da Ilha e Laguna. Graças a eles, descobri quais das ilhas de Açores se originou minha família portuguesa, por exemplo.

Os mórmons possuem 1,5 bilhão de imagens guardadas em microfilmes e microfichas. Essa aí sou eu testando essa máquina maravilhosa


O FamilySearch é um projeto incrível de genealogia do mundo que existe desde 1938. Voluntários ajudam a indexar as imagens, tornando o conteúdo “buscável”, enquanto nós, mortais, montamos nossas árvores cruzando informações com primos distantes. A biblioteca, aberta ao público, disponibiliza especialistas de diferentes países. Em uma tarde, aprendi como conseguir um koseki, que é o registro de censo japonês, onde encontrar cópias de passaportes dos açorianos que migraram para Santa Catarina e como encontrar coleções brasileiras não indexadas.

Meu primo Gustavo na parte interativa do museu checando nosso antepassado em comum, a avó da nossa avó, Thecla Maria de Jesus


Agora, essa é a parte inacreditável da viagem: onde ficam guardados os 2,4 milhões de microfilmes e 1 milhão de microfichas? Os mórmons construíram um cofre dentro de uma montanha de granito, cujo acesso — não preciso dizer — é super restrito. Eu não acreditaria se não tivesse visto com meus próprios olhos. Sim, The Granite Mountain Records Vault ou simplesmente The Vault, como é carinhosamente chamada, existe.

Esse é o mais perto que alguém pode chegar do The Vault, a montanha de granito que guarda o maior acervo de documentos genealógicos do mundo


Algumas dicas práticas que aprendi na maior biblioteca de genealogia do mundo:

  1. Se você não tem ainda uma conta (gratuita) no FamilySearch, crie agora. A dica é chegar nos antepassados que já faleceram, já que os vivos estão protegidos por leis de privacidade. Nome completo, data de nascimento e óbito ajudam a cruzar informações com outras árvores.

  2. Se você não quiser disponibilizar essas informações na internet, você pode usar a ferramenta de busca deles. Aqui você vai achar alguns problemas: nomes indexados com grafias diferentes (minha tataravó Euflávia é também Euphabia, Euflábia, Euflebia), homônimos (minha bisavó Josefa Maria tem o nome mais comum do Nordeste do começo do século passado) ou documentos que não foram ainda indexados (a grande maioria do acervo).

  3. Se você sabe a data e local de casamento de um antepassado, você pode procurar manualmente nos livros digitalizados não indexados. Aliás, registros de casamento são os melhores lugares para se começar uma árvore. Pode ser um pouco difícil de encontrar, então listei os principais links. Clique no primeiro da lista e em seguida clique em “Places within Brazil” até encontrar o estado, a cidade e depois a paróquia.

  4. Link para todos os catálogos de documentos brasileiros

  5. Link para a lista de catálogos de Santa Catarina por paróquia

  6. Link para uma lista wiki de todos os catálogos do Brasil

  7. Se você sabe a data e local de nascimento e você não encontrou no sistema de busca, existem algumas possibilidades. Se seu antepassado nasceu no último século, você pode conseguir no cartório que ele foi registrado (eu fui até o interior de Pernambuco para conseguir a certidão do meu avô). O problema é que geralmente não sabemos onde a pessoa foi registrada. A outra possibilidade é calcular mais ou menos dois a cinco meses depois do nascimento e buscar nos livros de batismo disponibilizados pelo FamilySearch (foi assim que eu expandi minha árvore genealógica: folheando página por página até encontrar quem eu buscava). Agora você entende porque certidão de casamento é mais fácil de ser encontrada do que de nascimento e batismo?

  8. O site infelizmente não disponibiliza opção para importar GEDCOM, o arquivo gerado por outros sites como MyHeritage ou AncQuest, a não ser que você seja membro da igreja.

Em breve postarei um passo a passo de como montar uma árvore genealógica usando outras fontes e as diferenças entre os sites de genealogia, já que já testei todos. Enquanto isso, deixe nos comentários sobre a sua experiência em busca dos seus antepassados!


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